Isso ocorre porque a concorrência entre empresas sempre estimulou a prática de descontos. Com a crise, porém, esse é um procedimento que está ficando para trás.
Pedro Bernardo, diretor da Interfarma, associação que reúne multinacionais, afirma que quase 90% dos princípios ativos usados nos remédios são importados.
“Quando o câmbio era favorável, a indústria adotava uma política agressiva de descontos porque a competição era muito forte. Enquanto o câmbio estiver neste patamar alto, é legítimo que a indústria vá ao distribuidor negociar e reduzir esse desconto.”
E o varejo não vai absorver esse aumento. “Isso será repassado para o preço. A farmácia não tem muita margem de manobra”, diz Sergio Mena Barreto, presidente da Abrafarma, associação que reúne grandes redes.
GENÉRICOS
O espaço para elevar preços é ainda maior entre os genéricos. Por lei, esse produto é obrigatoriamente 35% mais barato do que seu medicamento de referência. Na prática, porém, custa em média 50% menos. Alguns são até 85% mais baratos.
“A mobilidade e a força do desconto tendem a diminuir”, diz Telma Salles, presidente da Pró-Genéricos.
A inflação medida pelo IPCA de janeiro a setembro chegou a 6,44% para os medicamentos, bem superior ao registrado em todo o ano passado (4,93%).
As categorias que mais sofrem a alta neste ano são gastroprotetores (9,14%) e psicotrópicos (8,13%), ambos acima do índice geral da inflação (7,64%).
Eulina Nunes, coordenadora de índice de preços do IBGE, lembra que houve alta de 3,3% em abril e um pouco mais em maio, junho e julho.
Em agosto, com as vendas em baixa, a indústria apostou nos descontos e os preços recuaram 0,11%, voltando a subir em setembro.
Ainda assim, o reajuste de até 7,7% –que varia de acordo com a categoria– autorizado em março não foi totalmente repassado para o consumidor.
Desde a definição de uma política de controle de preços, em 2003, o teto dos valores de tabela determinados pelo governo não costuma chegar ao consumidor.
Fonte: Folha