Criatividade: ter ideias originais é fundamental – mas muito difícil – numa crise econômica
Por Claudia Gasparini
A criatividade é um traço tipicamente associado à forma de ser do brasileiro.
A reputação tem fundamento, até certo ponto. Segundo Gisela Kassoy, consultora em inovação, um estudo conduzido na década de 1990 pelo pesquisador norte-americano Robert Burnside mostra que temos uma facilidade extraordinária para improvisar.
“O brasileiro não é exatamente inovador, no sentido estrito da palavra, porque em geral não altera estruturas nem processos”, diz a especialista. “Por outro lado, tem uma espécie de criatividade adaptativa, isto é, esbanja jogo de cintura e ‘jeitinho’ diante de adversidades”.
Ideias originais – sejam elas realmente inovadoras ou apenas criativas – são valiosas em tempos de crise. O problema é que o estresse e o desânimo trazidos pelo momento econômico jogam contra a imaginação.
“Para ser criativo, um profissional precisa se sentir livre de julgamentos e pressões, o que raramente acontece num contexto como o que estamos vivendo”, explica a consultora Adriana Baraldi, que integra o Fórum de Inovação da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Na prática, o nervosismo dos gestores e o medo de errar inibem soluções que poderiam ser a salvação do negócio.
Mas como driblar esses obstáculos e usar a imaginação na crise? Veja a seguir 4 respostas sugeridas pelas especialistas:
1. Defenda-se do desânimo dos outros
Segundo Gisela, é preciso lutar para não se contaminar pela melancolia geral – ou você acabará sem energia para criar.
“Para se manter positivo, tente se cercar de pessoas jovens, otimistas, que ainda têm gás para trabalhar”, recomenda a especialista. Também é importante investir em lazer e alimentar o seu ânimo com pequenos prazeres cotidianos.
2. Busque movimento
Válida mesmo em tempos de calmaria econômica, esta dica é especialmente pertinente durante a crise. Sua cabeça está começando a se repetir? Mude de posição ou saia do recinto em que você está.
Além de relaxar os músculos, movimentar o corpo ajuda a desprogramar um raciocínio viciado. “Vá para o lado de fora, tome ar e só então volte a pensar”, aconselha Gisela.
3. Olhe para fora
Fazer benchmarking é importante, mas também é essencial observar as práticas de outros setores para se inspirar. De acordo com Adriana, a multidisciplinaridade é um ingrediente básico da inovação.
Trabalha com automóveis? Discuta sobre seus problemas com quem trabalha com cosméticos. Buscar referências “estranhas” ao seu mundo pode ser um impulso precioso para a criatividade quando todas as fórmulas da sua área parecem já ter sido testadas.
4. Faça parcerias
Você não precisa inventar todas as soluções sozinho. Segundo Adriana, a criatividade muitas vezes nasce do trabalho colaborativo, em rede.
“Em vez de se isolar em busca de uma ‘grande ideia’, procure a ajuda de seus colegas de trabalho e pares do mercado”, orienta a consultora. “De uma conversa informal pode surgir uma solução surpreendentemente inovadora”.
Fonte: Exame.com